Autor: Mateus Cardoso.

A compatibilização de projetos é uma das etapas mais importantes de uma obra, podendo trazer grandes vantagens para o setor da construção civil. Esse recurso garante que os sistemas estejam conectados sem que haja nenhuma inconsistência ainda na fase de projetos, antes do início da obra.

Compatibilizar projetos é averiguar, identificar e reparar interferências que podem surgir entre os diversos sistemas (estrutural, hidrossanitário, elétrico, arquitetônico, incêndio, paisagismo, impermeabilização etc.) presentes em uma edificação.

Baseado no cenário atual do Brasil, a falta de comunicação entre os projetos dos mais diversos setores da Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC) e os processos construtivos, torna-se indispensável, a realização da compatibilização, buscando a diminuição de custos, prazos e retrabalhos, integração dos colaboradores, agilidade de processos, aumento da produtividade e da qualidade do produto.

A compatibilização resulta em um projeto mais preciso e eficiente. É importante considerar que tal método pode amenizar a deficiência da falta de integração entre as fases do projeto, no entanto, mesmo que não seja a solução total, esse método pode facilitar as fases de criação e desenvolvimento do projeto.

A compatibilização de projetos além de contribuir na qualidade da edificação e na precisão do cronograma da obra, coopera para a sustentabilidade do planeta, uma vez que sua utilização na construção civil reduz a retrabalhos e desperdício de materiais, e, consequentemente, minimiza a geração de resíduos sólidos tão prejudiciais ao meio ambiente.

Durante nossas vistorias de auditoria de obra e inspeção predial, nos deparamos com uma variedade de situações ilustrativas dos impactos decorrentes da ausência de compatibilização entre os projetos desses empreendimentos. Estes vão desde a pequenas questões estéticas até graves desconformidades que infringem normas técnicas e leis em vigor, que potencialmente colocam em risco a saúde e segurança dos proprietários e usuários desses locais.

Adiante, seguem alguns exemplos encontrados em nossas vistorias que estão diretamente relacionados à ausência de compatibilização entres projetos:

Ausência de compatibilização entre o projeto elétrico e o projeto de interiores, gerando interferência entre a caixa elétrica e a rodabanca da pia.

Ausência de compatibilização entre o projeto hidrossanitário e o projeto de exaustão, gerando interferência entre as tubulações, dificultando a conexão dos tubos de exaustão à fachada.

Ausência de compatibilização entre o projeto elétrico e o projeto hidrossanitário, gerando interferência entre as tubulações e a eletrocalha, contrariando a norma técnica ABNT NBR 5.410, podendo ocasionar acidentes.

Ausência de compatibilização entre o projeto elétrico e o projeto de gás gerando interferência entre a tubulação de gás e a eletrocalha, contrariando o afastamento mínimo entre as tubulações exigido pela norma técnica ABNT NBR 15.526, podendo ocasionar acidentes.

Em resumo, a importância da compatibilização de projetos para a execução de uma obra é indiscutível. Além de garantir a integração harmoniosa dos diferentes sistemas e reduzir a ocorrência de problemas durante a construção, essa prática contribui para a eficiência, sustentabilidade e segurança do empreendimento.

No contexto atual da construção civil no Brasil, onde a falta de comunicação entre os diversos setores é evidente, a compatibilização se torna ainda mais crucial para otimizar custos, prazos e qualidade. Por meio de uma abordagem colaborativa e qualificada, os profissionais responsáveis podem identificar e resolver potenciais interferências, garantindo um processo construtivo mais fluido e eficaz. Assim, podemos concluir que a compatibilização de projetos é essencial para garantir o sucesso da execução de uma obra.